terça-feira, 4 de setembro de 2012

Quem compra...(se) vende!

É comum ouvir nas ruas os cidadãos se lastimarem devido ao atual momento político pelo qual passa o país. Queixam-se de que os políticos (e o povo generaliza) nada fazem para a melhoria da vida da população e que só agem em proveito próprio, de sua família ou de seu grupo político. Aprendi desde cedo um ditado popular, no qual se diz que a voz do povo é a voz de Deus(vox populi, vox dei) e, nesse caso, o povo tem razão, mas perde esta razão quando descobre que participa, com seu voto, para esse estado de coisas.
Ora, o poder político só se exerce no país através do voto. Essa é a democracia representativa, na qual se elegem representantes do povo, pelo povo e para(administrar) o povo. Não é por acaso que nossa Constituição Federal proclama que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...”(CF/88, art. 1º. parágrafo único). Sendo assim, ninguém se elege por si, mas pelos votos da população. Há, portanto, responsabilidade do eleitor em cada ato de seu representante. O candidato eleito deve agir, munido da procuração recebida do povo que o elegeu e agir de acordo com os interesses e necessidades desse povo. Quando foge desse compromisso, ou mesmo quando revela que nunca existiu esse compromisso, passa a cumprir um mandado pessoal, familiar ou de grupos. Passando a valer a luta por cargos comissionados em troca de apoio parlamentar contrário ao aumento do salário mínimo, a não criação de CPIs, entre outras maldades com o povo.
Geralmente, o candidato que assim procede é aquele que não apresentou ao povo em que consistiria sua atuação parlamentar ou administrativa; é aquele que não têm compromissos em representar o povo, mas sim seus interesses particulares; é aquele que, como costumamos dizer, “compra a campanha”, e a partir daí se acha dono do mandato e vira as costas para o povo.
Quem compra, vende. Essa é uma prática do mercado, seja ele de qual ramo for. Sendo assim, aquele candidato que se propõe a fazer sua campanha comprando votos com dinheiro, cestas básicas, pneus de bicicleta, ofertas de emprego e tudo mais, já demonstra que quer comprar um mandato e, quando eleito, irá com certeza se vender.
Infelizmente, essa não é uma previsão, mas uma constatação. Prova disso são os vários escândalos de corrupção envolvendo parlamentares, prefeitos, e gestores públicos. Não são todos os políticos que se deixam se manchar, é verdade.Mas, há denúncia de má atuação pública envolvendo uma grande maioria de homens públicos.
Fica também o recado para aqueles eleitores que se aproveitam do momento eleitoral, em que os candidatos precisam de votos, e passam a exigir dinheiro, bens materiais e até emprego público em troca do seu voto. Para esses, é preciso deixar claro que só existe corruptores (que são aqueles que corrompem) existindo corrompidos (quem aceita vantagem da corrupção). Esse eleitor precisa entender que é durante a atuação do eleito, ou seja, nos quatro anos de mandato, que o candidato tem de demonstrar sua boa vontade de melhorar a educação, a saúde e a segurança pública do país.
O que se deve exigir do candidato é o compromisso de quando eleito representar, com ética, honestidade e boa vontade, o povo que o elegeu, procurando melhorar salários, criar empregos, distribuir riquezas, fazer a reforma agrária, combater a corrupção, o nepotismo e melhorar a saúde e a educação.
Quando os candidatos se depararem com exigências desse nível em campanha e forem cobrados após as eleições, aí sim teremos esperança de um Brasil melhor.
O povo é o dono do poder, mas é preciso saber exercer esse poder, e o primeiro passo para isso se faz através do voto consciente, em pessoas honestas, que não estejam envolvidas em atos de corrupção, e que sejam compromissadas com as lutas operárias.
Na hora de escolher seus representantes, pensem nisso. Quem compra votos, venderá, com certeza seu mandato e se entregará ao mundo da corrupção, procurando, lógico, reaver o dinheiro que gastou na campanha feita a custa de dinheiro.
Lembre-se também que esse dinheiro vem do próprio povo, pois é dinheiro público, desviado de licitações fraudulentas e por via de emenda ao orçamento que, no papel é para beneficiar o povo, mas que nunca chega para melhorar a educação do seu filho, a saúde da sua família e a segurança do seu bairro.
Não esqueça eleitor, votar em quem compra seu voto é a certeza de atolar o país na lama da corrupção. É isso que você quer? Você decide. Aliás, você vota. Vote consciente.
Edivan Rodrigues Alexandre
Juiz de Direito
Fonte: Diário do Sertão

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