A morte de operadores de segurança pública está cada vez mais presente no cotidiano da insegurança do Rio Grande do Norte, e se nossos guardiões estão sendo vitimados, o que se pode esperar da situação da sociedade como um todo?
Quando falamos que a violência retroalimenta mais violência, ouvidos incautos duvidam e apregoam a banalização da morte como vingança contra aqueles que a disseminam, mas o caso do SD Carlos Eduardo Alves é emblemático e serve para exemplificar essa retroalimentação.
O PM Carlos Eduardo, sentindo-se no dever de agir, porque, afinal, além de ser treinado para isso, guardava consigo a responsabilidade de proteger outras pessoas que estivessem sobre sua influência protetiva, mas infelizmente, tombou diante do poder de fogo dos inimigos da paz. E o ciclo da violência continuou, pois, as guarnições da PM de Areia Branca e de Mossoró, na busca de cumprir seu dever de ofício, empreenderam investidas para prender os criminosos, e esses não querendo se entregar, morreram em troca de tiros com os policiais.
A polícia e a sociedade se encontram acuadas, diminuídos diante do poder dos criminosos. De um lado temos os grupos criminosos que conquistam mais e mais seguidores, do outro temos um Estado que vê suas forças de segurança definhando por meio de falecimentos, aposentadorias, exonerações e pelas buscas de seus agentes por melhor qualidade de vida em outras profissões, face à desvalorização com que são tratados com salários atrasados, equipamento deficiente e assistência zero.
Embora a vitimização de policiais esteja com 40% de aumento, podemos perceber que a letalidade em ações típicas de estado não está crescendo na mesma proporção, pelo contrário, há uma redução inversamente proporcional de 38,7%.
Os próximos concursos a serem deflagrados para as instituições de segurança no RN sequer preencherão as lacunas deixadas pelos motivos expostos anteriormente. Não se trata de recuperação da capacidade policial, pois cerca de 140 novos policiais para a Polícia Civil que precisa de quase 3 mil e 600 vagas para a Polícia Militar que precisa de cerca de 7 mil, jamais refrigerarão a nossa parca segurança.
As deficiências em capital humano também atingem ao ITEP e ao Sistema Penitenciário, e isso já foi diagnosticado e discutido desde há mais de 4 anos, mas continua sendo postergado e tratado com soluções meramente paliativas. As políticas sociais que reduziriam a desigualdade social no estado, com educação plena, com soluções sociais que perpassam pela agregação de forças com igrejas, ONGs, secretarias de desporto, cultura, saúde e outras, também não são tratadas como estratégias de segurança pública, e o Estado do RN, reativo e tardio em agir, impulsiona seus profissionais de segurança e a sociedade potiguar para uma suscetibilidade cada vez maior.
Chegamos a 1.119 vidas perdidas por condutas violentas letais intencionais (CVLIs) em 2017 no Rio Grande do Norte... 234 vidas perdidas a mais que no mesmo período em 2016, um aumento acumulado de 26,4% e 31,91 vítimas por grupo de 100 mil habitantes... esses números não precisam de nenhum argumento adicional.
E o Estado que continua ausente em diversas instâncias, se mostra ineficaz para gerir e gerar a paz que todos queremos.
*Por Ivenio Hermes/Portal Luís Nassif
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