Que hoje é feriado todo mundo sabe. Um dia de descanso para alguns ou festa para outros, mas o Dia de Tiradentes é lembrado por poucos, principalmente a história e problemática que envolve a data. Nas ruas de Cascavel/PR foi comum para a reportagem encontrar quem não saiba quem era Tiradentes, ou quem não lembre quais seus feitos ou importância. Mas, para o professor de história e mestre em História do Brasil Marcelo Hansen Schlacha, o Lelo, esta é uma característica de um povo que não se reconhece na própria história, porque esta foi feita por uma elite a qual a maioria dos cidadãos nunca pertenceu.
Se nas ruas, e até mesmo escolas, a população não vincula a realidade com a história, se não a enxerga como instrumento de educação da vida, segundo o especialista, ocorreu uma formação de uma mentalidade nacional que não valoriza tal conhecimento. “O desconhecimento revela uma rejeição do cidadão do que ele não se vê”, revela. Para o professor, os fatos históricos são importantes, mas a relação com o presente e ação de cada pessoa na história, como sujeito e não objeto, que simplesmente conhece o fato e o repercute, tem mais valor. “Mais importante do que lembrar a história é as pessoas terem consciência de trabalhar de maneira digna para o Brasil”.
Lelo comenta que o fato de alguém conhecer mais ou menos dos fatos que “teoricamente” fazem a história do País não faz desta pessoa mais ou menos patriota, mas sim suas atitudes para com o Brasil. O professor conta que no caso de Tiradentes, esta distância do nome com a população acontece porque, embora a versão oficial da história o coloque em posição de herói, isto significa excluir a participação do povo neste contexto histórico da Inconfidência Mineira e dos movimentos que realmente fazem os fatos.
Os fatos oficiais de Tiradentes são questionados pelo mestre, ao salientar que a história do Brasil foi repleta de heróis forjados para alcançar os objetivos dos poderes de cada época. No caso de Tiradentes, a elite do país precisa enaltecer o ideal de patriotismo e para isto necessitava de um exemplo, um ícone. “Passada a Inconfidência Mineira, que ocorreu 1789, somente 100 anos depois que a figura de Tiradentes foi valorizada”, ressalta ao lembrar que a Inconfidência ocorreu na crise do antigo regime feudal que estava em decadência e no ápice da Revolução Francesa.
Em compensação, após 100 anos da Inconfidência, segundo Lelo, para a Proclamação da República era preciso romper com a monarquia e produzir um sentimento de nacionalismo entre a população. “Por isto a necessidade de um herói”, reforça ao citar que a história do Brasil foi feita baseada em modelo Europeu, reforçando o amor à pátria. Para a criação do herói, o governo, em transição do império para a república, precisava de um herói que representasse a luta pela mudança, pela nova forma de poder. “Para a maior aceitação, criaram inclusive uma imagem de Tiradentes semelhante à de Jesus Cristo”, comenta a artimanha em um país, na época, majoritariamente católico.
A figura do herói semelhante a Cristo, com roupas, barbas, características e inclusive com a morte semelhante, fez da figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do País. “Inclusive na época da Inconfidência, D. Maria I, a Maria Louca foi quem emitiu a sentença de morte de Tiradentes, porque durante a monarquia o mesmo não era aceito. Então não falavam dele, somente o retomaram com força para enaltecer mais tarde os ideais nacionalistas”, reforça.
Questionamento
O especialista salienta ainda que outro fato que comprova o questionamento dos fatos históricos está na questão abolição da escravatura, que antes, na monarquia, era de interesse dos monarcas que os escravos os servissem, e mesmo Tiradentes ter lutado por esta causa, não foi pronunciado. “Somente em 1.880 veio a abolição porque era de interesse do poder”, revela. Para que esta figura de Tiradentes tomasse proporção desejada, segundo Lelo, houve o movimento da elite dominante e letrada para a população, que era formada na época por 90% de analfabetos.
Para esta aceitação do herói alguns feitos foram realizados, como a própria criação de um feriado, para enaltecer a pessoa de Tiradentes, assim como outras formas de agregar valor ao personagem. “A criação da imagem semelhante a Cristo, os nomes de Praças, ruas, a colocação de monumentos, estátuas. Foi um momento quase mitológico” revela ao citar que estes valores morais e cívicos dos brasileiros foram “praticamente forjados”.
Fonte: Francielly Hirata/GP
Se nas ruas, e até mesmo escolas, a população não vincula a realidade com a história, se não a enxerga como instrumento de educação da vida, segundo o especialista, ocorreu uma formação de uma mentalidade nacional que não valoriza tal conhecimento. “O desconhecimento revela uma rejeição do cidadão do que ele não se vê”, revela. Para o professor, os fatos históricos são importantes, mas a relação com o presente e ação de cada pessoa na história, como sujeito e não objeto, que simplesmente conhece o fato e o repercute, tem mais valor. “Mais importante do que lembrar a história é as pessoas terem consciência de trabalhar de maneira digna para o Brasil”.
Lelo comenta que o fato de alguém conhecer mais ou menos dos fatos que “teoricamente” fazem a história do País não faz desta pessoa mais ou menos patriota, mas sim suas atitudes para com o Brasil. O professor conta que no caso de Tiradentes, esta distância do nome com a população acontece porque, embora a versão oficial da história o coloque em posição de herói, isto significa excluir a participação do povo neste contexto histórico da Inconfidência Mineira e dos movimentos que realmente fazem os fatos.
Os fatos oficiais de Tiradentes são questionados pelo mestre, ao salientar que a história do Brasil foi repleta de heróis forjados para alcançar os objetivos dos poderes de cada época. No caso de Tiradentes, a elite do país precisa enaltecer o ideal de patriotismo e para isto necessitava de um exemplo, um ícone. “Passada a Inconfidência Mineira, que ocorreu 1789, somente 100 anos depois que a figura de Tiradentes foi valorizada”, ressalta ao lembrar que a Inconfidência ocorreu na crise do antigo regime feudal que estava em decadência e no ápice da Revolução Francesa.
Em compensação, após 100 anos da Inconfidência, segundo Lelo, para a Proclamação da República era preciso romper com a monarquia e produzir um sentimento de nacionalismo entre a população. “Por isto a necessidade de um herói”, reforça ao citar que a história do Brasil foi feita baseada em modelo Europeu, reforçando o amor à pátria. Para a criação do herói, o governo, em transição do império para a república, precisava de um herói que representasse a luta pela mudança, pela nova forma de poder. “Para a maior aceitação, criaram inclusive uma imagem de Tiradentes semelhante à de Jesus Cristo”, comenta a artimanha em um país, na época, majoritariamente católico.
A figura do herói semelhante a Cristo, com roupas, barbas, características e inclusive com a morte semelhante, fez da figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do País. “Inclusive na época da Inconfidência, D. Maria I, a Maria Louca foi quem emitiu a sentença de morte de Tiradentes, porque durante a monarquia o mesmo não era aceito. Então não falavam dele, somente o retomaram com força para enaltecer mais tarde os ideais nacionalistas”, reforça.
Questionamento
O especialista salienta ainda que outro fato que comprova o questionamento dos fatos históricos está na questão abolição da escravatura, que antes, na monarquia, era de interesse dos monarcas que os escravos os servissem, e mesmo Tiradentes ter lutado por esta causa, não foi pronunciado. “Somente em 1.880 veio a abolição porque era de interesse do poder”, revela. Para que esta figura de Tiradentes tomasse proporção desejada, segundo Lelo, houve o movimento da elite dominante e letrada para a população, que era formada na época por 90% de analfabetos.
Para esta aceitação do herói alguns feitos foram realizados, como a própria criação de um feriado, para enaltecer a pessoa de Tiradentes, assim como outras formas de agregar valor ao personagem. “A criação da imagem semelhante a Cristo, os nomes de Praças, ruas, a colocação de monumentos, estátuas. Foi um momento quase mitológico” revela ao citar que estes valores morais e cívicos dos brasileiros foram “praticamente forjados”.
Fonte: Francielly Hirata/GP
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