sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Justiça cancela benefício de goleiro Bruno após vídeo de flagrante em bar

Reprodução/EPTV

A Justiça suspendeu o direito de trabalho externo e determinou a volta do goleiro Bruno Fernandes ao presídio de Varginha (MG). A decisão foi tomada nesta sexta-feira (19) após reportagem de uma emissora local mostrar o detento no bar de uma associação da cidade na companhia de duas mulheres e com uma lata de cerveja na mesa. A defesa nega irregularidades.

Bruno foi preso em 2010 e depois condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samúdio e por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Desde abril de 2017, o goleiro está preso em Varginha, onde exercia trabalho externo na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac). Além de trabalhar na obra de construção da própria associação, Bruno podia executar serviço fora da instituição.
Justiça cancela benefício de goleiro Bruno após vídeo de flagrante em bar

Mas o benefício foi suspenso após a reportagem da TV Alterosa, afiliada local do SBT, flagrar o goleiro Bruno no local na companhia de duas mulheres. Na mesa em que eles estavam, havia uma lata de cerveja. A reportagem também exibiu um diálogo por meio de mensagens em um aplicativo de celular onde ele fala sobre a rotina no serviço e cita facilidades como acesso a celular e bebida alcoólica. O vídeo, no entanto, não mostra o goleiro ingerindo a cerveja.

A decisão foi publicada pela 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha e confirmada pela Secretaria de Adminsitração Prisional (Seap) de Minas Gerais. Procurada pelo G1 e pela EPTV Sul de Minas, a Apac ainda não se manifestou sobre o caso.
Goleiro Bruno cumpre pena em Varginha desde abril de 2017 — Foto: Reprodução/TV Globo

Defesa diz estar tranquila

Procurado pelo G1, o advogado Fábio Gama, que representa Bruno afirmou que não houve irregularidades e negou que o detento tenha consumido bebidas alcoólicas. Além disso, afirmou que o goleiro poderia fazer uso do telefone utilizado para marcar o encontro no local.

"Estamos tranquilos com o que vem pela frente, porque nós temos certeza absoluta de que ele não ingeriu bebidas alcoólicas e que aquelas mulheres que ficam lá como mulheres não são garotas de programa, não tem nada a ver com isso. O Bruno não tem celular. Existe um celular lá que é um celular coletivo, que é autorizado pelo método Apac, ligar para a família, duas vezes por semana por 10 minutos, para cada preso", afirmou o advogado.

Com a decisão, Bruno deve ser mantido em regime fechado no presídio de Varginha até que um processo seja instaurado para averiguar o ocorrido ou até que o direito à progressão de regime, ao qual o réu já teria direito, seja concedido pelo Justiça.

"Vamos apresentar defesa oportunamente, se formos atacados judicialmente. Temos todo mundo a nosso favor. Ou seja, estamos preparados para dar a resposta à Justiça", completou o advogado.
Justiça cancelou benefício de goleiro bruno após denúncia de flagrante em bar — Foto: Reprodução/EPTV

Condenação

Bruno foi condenado pelo homicídio de Eliza Samúdio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu.

Em 2017, o goleiro chegou a ser solto por uma liminar do Superior Tribunal Federal (STF) e voltou a jogar futebol, atuando no Módulo 2 do Campeonato Mineiro pelo Boa Esporte, mas depois teve a medida revogada e um pedido de habeas corpus negado. Em 27 de abril de 2017, Bruno se apresentou à polícia em Varginha, onde foi preso e levado para o presídio da cidade.

Em junho de 2018, ele passou a trabalhar na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) da cidade, após decisão da da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais. Desde então, cumpria pena e trabalhava na unidade.
Goleiro Bruno foi condenado pela morte de Eliza Samúdio — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo

Penas

As penas somadas chegaram a 20 anos e 9 meses de prisão. Ao todo, o goleiro, que teve a pena aumentada por ser mandante, mas diminuída na mesma proporção por ser réu confesso, precisa cumprir 7 anos, 6 meses e 15 de pena para ter direito ao benefício do semiaberto - esse número vem sendo diminuído devido às remições por tempo trabalhado e estudo.

Bruno já cumpriu pouco mais de 8 anos da pena, mas uma falta grave cometida em 2013 faz com que não seja computado o tempo total em que esteve preso. Com isso, apenas o período após 02 de abril daquele ano é contado para a obtenção da progressão de pena para o semiaberto. A conclusão total da pena agora está prevista para 11 de maio de 2031.

*G1 Sul de Minas — Varginha, MG

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