sábado, 6 de abril de 2013

Violência e não-violência

Credito: recanto dos autores.
A violência é um fenômeno social, humano. Ela sempre existiu e vem aparentemente aumentando em todo o mundo nos últimos anos, gerando medo, desconfiança e isolamento, principalmente porque a mídia transmite, em tempo real, muitos casos que ficariam ocultos e passariam despercebidos. Sabemos de violência contra crianças, idosos, mulheres, povos indígenas, negros, além daquela contra a pobreza, miséria, origem etc.

Em nossa sociedade, a herança de uma constituição familial machista sempre gerou violência, principalmente a doméstica. Esta não se limita à violência física, mas também inclui depreciações verbais e o trato desumano.

Algumas pessoas aprisionam seus companheiros e monitoram suas ligações telefônicas, correspondências e e-mails que recebem, numa tentativa de isolá-los da sociedade. Outras proíbem as amizades anteriores como se fossem perigosas, assumindo postura de proprietárias e não admitem que cometam um crime.
Esse tipo de violência também pode se manifestar de forma psicológica, quando se destrói os pertences pessoais do companheiro ou dos filhos, privando-os economicamente e deixando de fornecer meios suficientes para a sobrevivência e independência, torturando e questionando seus gastos.

A persistência dessa violência leva as vítimas a um estado de desespero psicológico. Acabam por aceitar as acusações e ficam tão privadas de auto-estima que passam a crer que de fato merecem ser maltratadas. Algumas se sentem muito impotentes e se desesperam, perdendo a coragem de transformar o contexto autodestrutivo que vivenciam.

Todos temem a violência do cotidiano, daquela que acontece lá fora. Cercam suas casas e as eletrificam, arrumam cães ferozes e se armam para contê-la. Mas, muitos se esquecem de que a praticam dentro do que chamam lar.

A saída, além de procurar os meios legais para romper o ciclo de tortura, é agir com a não-violência, que não é uma forma de passividade. Também não é uma atitude resignada de quem se esquiva, por medo, do enfrentamento e da discussão. Ela é uma postura de vida e uma metodologia de ação, inspirada em profundas condições éticas, e uma resposta coerente à violência institucionalizada.

São sabidas as atitudes de não-violência de Mahatma Gandhi, que lutou pela independência da Índia, e de Martin Luther King, que batalhou pelos direitos civis e pelo combate à discriminação racial nos Estados Unidos. Ambos acabaram assassinados, mas suas práticas transformaram a história e inspiram movimentos no mundo todo. Quem não se lembra do sul-africano Mandela ou do jovem chinês, que enfrentou sozinho um tanque de guerra apenas segurando uma rosa amarela?

A coragem deve florescer sempre, não somente naqueles que sofrem, mas também naqueles que conhecem a violência praticada, não se calando ante essa desumanidade. Como dizia Gandhi, “a não-violência é a completa ausência de malquerer para com tudo o que vive. A não-violência, sob sua forma ativa, é boa vontade para com tudo o que vive. Ela é amor perfeito.” Completando com uma frase de Luther King: “não é o barulho dos maus que me assusta, mas o silêncio dos bons.

*Prof. Augusto Sperchi

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