Gabriel quer ser técnico de futebol quando se formar (Foto: Andrea Tavares/G1)
O sorriso do estudante Gabriel Gomes, de 19 anos, que tem síndrome de Down, demonstra a alegria de ter conquistado a vaga no curso de Educação Física em uma universidade particular de Natal. “Tirei de letra. Eu tenho muita fé e sabia que ia conseguir”, comemora Gabriel, que sonha em ser técnico de futebol quando se fomar.
Gabriel não teve correção diferenciada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e, na universidade, concorreu de igual para igual com todos os outros candidatos. “Ele apenas teve acompanhamento durante a aplicação da prova", disse a mãe do jovem, Márcia Gomes. Ela conta que a escolha do curso e a decisão de prestar o vestibular foram do estudante. “Desde o início do ano passado ele já começou falar que queria Educação Física”, conta.
Desde criança recebendo o incentivo da família para estudar, a dificuldade enfrentada pelo jovem estava em conseguir convencer os pais a deixá-lo raspar o cabelo. “Eu passei e quero raspar sim”, comemora Gabriel. Apaixonado pelo ABC e Grêmio, o jovem diz que ser técnico de futebol foi uma escolha natural, já que é fã do esporte. “Meu professor me inspirou. Eu já fiz futebol, futsal, judô, karatê, capoeira e natação”, conta, entusiasmado.
A rotina de estudos durante o ensino médio foi puxada. O próprio garoto conta que ia para a escola de manhã, fazia aulas complementares a tarde, e esportes no tempo livre. E mesmo com tantos afazeres, ainda tem tempo para namorar. "Minha namorada ainda não sabe que passei, mas vou contar a ela", diz Gabriel sobre contar a Mariana, namorada dele há oito anos.
Gabriel conta que está ansioso para o começo das aulas (Foto: Andréa Tavares/G1)
O estímulo dado para os estudos de Gabriel foi uma das provas do amor dos pais, que não mediram esforços para fazer com que as dificuldades fossem superadas, mesmo com limitações. “É um processo contínuo. Eu costumo dizer que é como andar de bicicleta, não podemos parar de pedalar”, disse o pai de Gabriel, Anailson Gomes. Os pais ainda brincam que na casa, não tem “moleza” para o garoto. “Sempre acreditamos no nosso filho e queremos que todos acreditem. Ninguém pode dar moleza a ele não”, explica.
Na escola, os pais dizem que o filho contou com a ajuda de professores e diretores, sem que passassem “a mão na cabeça”. Muitas vezes, o tempo de avaliação dele era maior que a de outros alunos. “Nosso papel é prepará-lo, fazer ele ser autossuficiente. É um sentimento indescritível”, diz Márcia.“Cada conquista é uma alegria, foram anos e anos de luta, nossa recompensa é diária com o Gabriel”, diz, emocionado, o pai orgulhoso.
Por enquanto, o passatempo de Gabriel é assistir televisão e jogar bola em casa, mas essa rotina está com os dias contados. A matrícula já foi feita e as aulas começam na próxima semana. "Estou muito empolgado, mamãe prometeu que iria botar uma mesinha de estudos no meu quarto", comemora o estudante.
*Andrea Tavares/Do G1 RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Opine com responsabilidade sem usar o anonimato!
A Liberdade de Expressão... está assegurada, em Lei, à todo Cidadão,LIVRE!