Por Ivenio Hermes
Só quem sabe a dor é quem sente a navalha lhe cortar a carne.
Em que pese todas as acusações aos PMs presos em Mossoró, com inteligência se teria evitado aquele estardalhaço que se tornou um circo midiático. Mas talvez o propósito fosse esse, afinal, eram somente praças envolvidos, o baixo escalão da polícia, sem privilégios ou grandes salários. Se alguém poderoso envolvido, o cenário operacional teria sido diferente.
Trabalhar em correição policial, não é somente o ato de investigar e prender, é mudar as condições de trabalho que levaram aqueles policiais e levam tantos outros à condição de infratores da lei.
Ao anular socialmente o policial numa prisão/show, a navalha corta outras carnes que não são somente as deles, corta a carne das famílias que são destruídas e vitimizadas sendo apontadas nas ruas, corta a carne de outros agentes da lei, pois se desqualifica outros profissionais sérios de uma corporação policial que passam a ser encarados sem respeito que lhes devido.
Corrigir é prevenir, não espanca o filho até a morte, antes, se aconselha, se adverte. Aos policiais a mesma coisa: se promove horas qualitativas de capacitação e não perdas de tempos com imposições estilísticas do ensino sem finalidades específicas, se ensina direitos humanos de um ponto de vista equilibrado, fazendo-os se sentirem parte desses direitos e não antagonizados por eles, pois os verdadeiros direitos humanos também valorizam o agente encarregado de aplicar a lei.
Ao se agir com desequilíbrio, se ensina que o crime, pelo menos alguns, compensa, pois os grandes criminosos políticos que roubam cifras fenonemenais, seguem em duas condições, ou impunes, ou em foro privilegiado. Se o argumento dos policiais presos foi terem atingido o bem maior tutelado pela Constituição Federal, é preciso repensar quantas mortes acontecem e já aconteceram por falta de atendimento médico, condições de saúde, suscetibilidades sociais, e outros fatores, todas causas diretas e indiretas das cifras milionárias roubadas do erário público.
Policias, hoje em dia, são vítimas e vitimizadores, por falta de treinamento, de respeito, de salários dignos e de reconhecimento. Enquanto for assim, serão dois pesos e duas medidas, aos fracos e desprotegidos a dor da navalha na carne, aos fortes e blindados, o respeito desmerecido.
Vincit omnia veritas!
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