sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ciências Policiais e o novo Comandante


Uma das metáforas que melhor representa a complexidade de nossas forças de segurança ainda é a imagem do pequeno bloco de gelo exposto, continuado por um imenso iceberg que não é visto  e nem imaginado.

Chamo a atenção para o fato de que a atividade de segurança em todas as suas dimensões (municipal, estadual e federal) começa a transitar do policial sólido ao policial líquido. 

Citarei apenas as características desse novo policial, o líquido, e o leitor, por contraste, saberá o que já há muito não cabe mais no Estado Democrático de Direito. Temos artigos, monografias e livros que tratam das Ciências Policiais – o bacharelado realizado na PM recebe o nome de “Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública”, o que faz com que tenhamos especialistas vislumbrando um novo campo ou nova ciência.

Poucos são os que percebem, por exemplo, que cada servidor (policial militar) presente diária e religiosamente na região da Nova Luz, leva para casa, dia sim dia não,  as evidências da condição humana: imperfeição, falência e decrepitude. Sabemos que poucos são os capazes de extrema sublimação e conseguem virar-se pelo avesso e dar início, a cada dia, a batalhas que parecem não ter fim.

O coronel Álvaro Batista Camilo, o qual passou o comando, será lembrando especialmente pelo empenho na valorização profissional do PM.

O policial formado em Ciências Policiais deve enfrentar situações e problemas em diferentes contextos, ser propositivo, indo além do diagnóstico e formulando propostas de intervenção da realidade, ser um especialista inteligente, assertivo, de mente aberta, comprometido, resiliente e que busque o esforço de convergências e de sínteses.

Além de policial, sou professor, aliás sou mais professor do que policial, por uma razão óbvia – meu tempo do policial ativo é limitado, já o de  professor não.

Um bom policial líquido é aquele “apresentador de alternativas”, exemplo – por que não podemos acumular a docência nas escolas do Estado como outrora?

Fica aqui meu registro para que tenhamos integrantes das forças de segurança relatando seus projetos, suas pesquisas e suas opiniões sobre área tão cara à democracia.

Nosso novo comandante-geral coronel Roberval Ferreira França, formado em administração como o anterior, tomou posse no último dia 24 de abril, trazendo novos e importantes projetos, frisando a seus comandados “não se limitem a fazer polícia, mas que façam história”.

Como jovem capitão, posso afirmar que na área de segurança pública, em algumas capitais, já se pode cantar:  “Eu vejo um novo começo de era / De gente fina, elegante e sincera / Com habilidade pra dizer mais sim do que não”.


 RONILSON DE SOUZA LUIZ é capitão da Polícia Militar de São Paulo, docente da Academia de Polícia Militar do Barro Branco,  graduado em letras pela USP e doutor  em educação pela PUC/SP.

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