Menino Kauan, desaparecido em MS (Foto: Reprodução/TV Morena)
Foi condenado a pouco mais 66 anos o professor Deivid Almeida Lopes, de 39 anos, acusado de estuprar, matar, esquartejar e jogar no rio Anhanduí o corpo do menino Kauan, de 9 anos, além de outros crimes de cunho sexual. A sentença foi proferida na tarde desta quinta-feira (28). A pena é entre reclusão e dias-multa. O juiz da 7ª Vara Criminal, Marcelo Ivo de Oliveira, é quem analisou as provas e todo o processo criminal no gabinete.
O resultado é de 64 anos, 11 meses e 6 dias de reclusão, além de 1 ano e 3 meses de detenção, mais 15 dias de prisão simples e pagamento de 31 dias-multa, em regime fechado. Somadas, as penas ultrapassam pouco mais de 66 anos de reclusão.
O juiz ressaltou que o réu ainda pode recorrer da sentença, em 2ª instância. O advogado do professor comentou que vai analisar o processo. A decisão contém cerca de 60 páginas e o advogado ainda ressaltou que não conversou com o suspeito, preso em uma unidade penal da cidade.
Para a mãe, a dona de casa Janete dos Santos Andrade, kauan é a palavra da saudade. Há um ano e três dias, ela viu o filho pela última vez. A investigação diz que Deivid molestava crianças e adolescentes na região da Coophavila II.
Já a mãe, que não vê mais o menino soltar pipa, jogar bola do campinho do bairro, diz que ainda se pega esperando ele voltar. "Não dá vontade de ficar aqui mais. Chega de tardezinha, a agente lembra quando ele estava brincando, estava aqui dentro. Esse quadro fica ali mas não tenho nem vontade de ficar olhando. As duas pequenininhas perguntam direito dele e eu digo que um dia vamos vê-lo. É assim que vou enganando elas", disse.
Janete possui ao todo 10 filhos. Duas já casaram. Há 10 anos, ela já tinha perdido uma filha de 3 anos de idade, que morreu atropelada. Os outros seis moram com ela e o mais velho é um adolescente de 15 anos. Alana é a mais nova, que completa dois meses. No entanto, para a mãe que perdeu um dos seus, a dor nunca morre.
"Não tenho atestado de óbito em mãos. A escola já me pediu e não tenho. Não tem corpo não tem crime. Bolsa família também está pedindo para retirar o nome dele e não tenho o atestado de óbito", lamentou em entrevista recente.
Entenda o caso
O menino de 9 anos morreu asfixiado enquanto era estuprado e, em seguida, o corpo foi esquartejado, colocado em um saco e jogado no rio Anhanduí. A ponte onde ele teria sido jogado fica a 200 metros da casa dele. O Corpo de Bombeiros fez inúmeras buscas no local e militares comentaram a dificuldade em encontrar algo, por conta da água muito suja, árvores e galhos nas margens, além da quantidade de lixo no rio.
Foram 10 dias de buscas em que bombeiros vasculharam o rio em diferentes pontos, na região do Aero Rancho e próximo ao Hospital Regional, na região sul da cidade. Ao todo, a polícia concluiu que 4 adolescentes, com idades entre 14 e 15 anos, também participaram o crime, ajudando a sufocar e inclusive esquartejando o menino. Estes envolvidos também eram abusados pelo professor, que os oferecia quantias entre R$ 5 a R$ 10.
O delegado Paulo Sérgio Lauretto coordenou a investigação. Foram quase 2 meses até o inquérito ser concluído no dia 15 de setembro do mesmo ano. O trabalho se concentrou na produção de provas, já que o corpo nunca foi encontrado e o acusado não confessou o crime. "Crime de natureza sexual envolvendo crianças e adolescentes, as pessoas dificilmente admitem. O acusado nunca confessou o crime", comentou.
*G1 MS
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