terça-feira, 17 de março de 2015

'Pavilhões foram todos destruídos', diz diretor de presídio no RN

Policiais militares e agentes penitenciários retomaram o controle da unidade após destruição (Foto: Alex Alexandre/G1)

Agentes penitenciários e policiais militares retomaram o controle da Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, em Caicó, cidade da região Seridó potiguar. A unidade foi alvo de uma rebelião no inicio da manhã desta terça-feira (17), quando os presos arrancaram as grades das celas e queimaram colchões. “Os pavilhões foram todos destruídos”, afirmou o diretor Alex Alexandre.

Ainda de acordo com o diretor, ainda não é possível calcular o prejuízo causado pelos detentos. "Destruíram tudo. Todas as grades foram arrancadas. Nas celas, ficou apenas uma linha imaginária. A penitenciária precisa ser reconstruída", acrescentou Alexandre.

A penitenciária do Seridó possui capacidade para 367 detentos, mas possui atualmente cerca de 600 presos.

Além do Pereirão, presos também se amotinaram no Centro de Detenção Provisória de São Paulo do Potengi, na Penitenciária Agrícola Doutor Mário Negócio, em Mossoró, e no Presídio Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta. Ao todo, onze unidades já foram alvos de rebeliões e depredações causadas por detentos.
Segundo direção da unidade, Pereirão teve todas as grades arrancadas das celas (Foto: Alex Alexandre/G1)

Onda de rebeliões

A onda de rebeliões que acontece no sistema penitenciário potiguar começou na última quarta-feira (11). Nesta manhã, 79 homens da Força Nacional desembarcaram em Natal para reforçar a segurança nas unidades prisionais do estado.
Presos do CDP de São Paulo do Potengi foram contidos e acomodados na quadra da unidade
(Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)

Ainda nesta terça, além das rebeliões, um preso foi esfaqueado dentro de Alcaçuz, maior unidade prisional do RN. A penitenciária fica em Nísia Floresta, na Grande Natal. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi enviada ao local, mas a entrada da ambulância ainda está sendo negociada com os detentos.

Na Zona Norte de Natal, quatro unidades registraram rebeliões: Centro de Detenção Provisória de Potengi, Complexo Prisional João Chaves, Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato e Centro de Detenção Provisória da Zona Norte (CDP).

Também aconteceram revoltas no Centro de Detenção Provisória da Ribeira, na Zona Leste de Natal; na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta; e na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), em Parnamirim.

Rebeliões em presídios no Rio Grande do Norte
(Foto: Arte/G1)

Reinvidicações
Uma TV e um ventilador em cada uma das celas, roupas e tênis para jogar bola na quadra e material de artesanato estão entre as reivindicações dos detentos do presídio estadual Rogério Coutinho, em Nísia Floresta, na Grande Natal. Os pedidos dos presos, que fazem uma série de rebeliões desde a semana passada, estão em uma carta obtida com exclusividade pelo G1.

Além da carta, detentos gravaram vídeos em que fazem uma série de exigências, como a saída da diretora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Dinorá Simas (veja abaixo). Esta é a maior unidade prisional do estado e apontada como foco do início das rebeliões.

A situação levou à exoneração do secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Zaidem Heronildes da Silva Filho, e o governo decretou situação de calamidade no sistema prisional.

A Secretaria de Segurança Pública afirma que"não vai negociar com preso".

Segundo o Ministério Público, a população carcerária no Rio Grande do Norte é de aproximadamente 7.650 pessoas, mas o Estado tem cerca de 4 mil vagas.

Em entrevista à Inter TV Cabugi, a secretária de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte, Kalina Leite Gonçalves, afirmou que não vai negociar com os presos. "O que o poder público tem que fazer é garantir os direitos constitucionais. Agora, nenhuma possibilidade de negociação com preso", disse ela.
Homens da Força Nacional chegaram a Natal em um Hércules da FAB (Foto: Georgia Câmara/PM)

Força Nacional

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, falou pela primeira vez sobre a onda de ataques a ônibus e motins ocorridos nas penitenciárias do estado. Em entrevista coletiva na manhã desta terça, ele destacou o apoio recebido do governo federal, como o envio de homens da Força Nacional, e afirmou que, se necessário, haverá uso das Forças Armadas. Setenta e nove homens já desembarcaram em Natal para reforçar a segurança nas unidades prisionais.

A previsão, segundo a Secretaria de Segurança Pública, é que a tropa chegue a 200 militares ainda nesta semana. Contudo, há um acordo para que até 300 homens da Força Nacional atuem no Rio Grande do Norte. O pedido de reforço foi feito pelo governador Robinson Farias ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Calamidade

"O governo decretou estado de calamidade do sistema penitenciário. Isso significa que vamos trabalhar para a recuperação das instalações do sistema carcerário para poder atender as demandas dos apenados. Mas o governo não vai fazer nenhum tipo de concessão. Que fique bem clara a nossa posição. Vamos garantir os direitos dos apenados, mas sem fazer nenhum tipo de concessão ou barganha que venha a mudar a autoridade do governo de enfrentar a situação", afirmou o governador.

*Anderson Barbosa/Do G1 RN

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