Foto: Josemar Gonçalves/Tripé Fotografia
Um levantamento inédito na justiça dos nove estados do Nordeste concluiu que o Primeiro Comando da Capital (PCC) concentra suas atividades no Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte, o que explica a escalada da violência nessas três unidades. As informações foram apuradas pelo Uol e divulgadas pela Folha de S.Paulo.
De acordo com a reportagem, AL, CE e RN concentram 73% dos filiados do PCC no Nordeste. A região teria, segundo o levantamento, 3.818 filiados. A reportagem ainda detalha que Alagoas possui 970 filiados e que o Ceará é o segundo do país e o primeiro do Nordeste. Os números sobre o Ceará o Rio Grande do Norte, no entanto, não foram detalhados.
De acordo com a reportagem, a concentração das atividades do PCC nesses estados tem razões simples: a fixação de membros da organização em período anterior à atual crise.
“Esses Estados têm mais membros ‘batizados’ do PCC porque são os que, originalmente, detinham em seus sistemas prisionais o maior número de detentos paulistas, que já eram do PCC e passaram a cooptar criminosos locais”, afirmou ao UOL o promotor Lincoln Gakiya, membro do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) do Ministério Público de São Paulo.
Quando se confronta a análise da reportagem com o cotidiano dos três estados, encontra-se uma explicação para a violência crescente: Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte registraram aumento de 11%, 25% e 22% nos homicídios, respectivamente, no primeiro semestre deste ano. O texto ainda antecipa que o Rio Grande do Norte deverá terminar o ano com taxa de homicídios de 77 para cada 100 mil habitantes, algo nunca antes registrado em um estado brasileiro.
A reportagem ainda descreve o modo como o PCC opera, na guerra contra a outra facção, o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e como essa disputa resultou na carnificina nos presídios no início do ano.
“O PCC tem um caráter monopolista. Tem o desejo de controlar todas as rotas de tráfico de drogas e os principais mercados do país e isso inclui, obviamente, a região Nordeste”, descreveu o procurador de São Paulo Márcio Sergio Christino, especializado em investigações sobre o PCC.
A guerra entre PCC e CV, de acordo com o texto, remonta a 2013 e teve origem em Mato Grosso. Lá, membros do CV local passaram a impedir que o PCC cooptasse novos criminosos em presídios. A postura começou a ser seguida por outras facções regionais e franquias do CV. “No CV, cada facção tem autonomia para agir como quiser em seu território”, explica Gakiya.
São consequências dessa disputa os massacres registrados nos últimos meses em presídios, a exemplo do ocorrido em Manaus em janeiro, quando a FDN (Família do Norte) matou 60 integrantes do PCC.
*Por Dinarte Assunçãopara o portalnoar.com.br
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